Período Regencial
E agora? O que vai acontecer com o Brasil depois que Dom Pedro I abdicou do trono, e deixou o Império nas mãos do seu filho, Dom Pedro II, de 5 anos? Claramente não há como uma criança assumir o trono do Brasil, e assim se inicia o Período Regencial, que vai desde o momento da abdicação de Dom Pedro I, até o momento em que Dom Pedro II se torna Imperador, nesse intervalo de tempo, o Brasil vai ser governado por regentes.
Esse período foi marcado por muitas revoltas, brigas e instabilidades, e isso se deve ao fato de que justamente o país estava passando por uma fase de transição. Nesse período ocorrerá uma divisão política entre:
- Restauradores, que eram fiéis à monarquia, queriam que Dom Pedro I voltasse a governar o Brasil.
- Liberais Moderadores, eram a favor da monarquia, mas queriam que os interesses da elite agroexportadora fossem atendidos.
- Liberais Exaltados, queriam a autonomia das províncias e o fim do poder moderador, alguns até falavam em república.
Algumas das preocupações do Período Regencial foram a unidade territorial do Brasil, até porque eles não queriam que o país se fragmentasse, outro fator que acabava sendo preocupante era a autonomia das províncias.
Um acontecimento marcante do período foi o Ato Adicional de 1834, onde foram adicionadas novas clausulas à Constituição instituída em 1824. Decretava que o poder moderador, que só pode ser ocupado pelo imperador, não funcionaria durante o governo dos regentes, suprimia o Conselho do Estado, que era um conjunto de senhores muito ricos que aconselhava o imperador, trazia a ideia de Assembleias Providenciais, ou seja, dava uma maior autonomia para as províncias e uma descentralização do poder, essas assembleias podiam nomear funcionários públicos, além de que fixava as despesas, os impostos cobrados, assim as províncias conseguiam formar uma riqueza própria.
Houve também a criação da Guarda Nacional, um corpo armado de pessoas confiáveis, tanto que acabou se tornando uma protetora mais importante que o próprio exército, que era composto de pessoas despreparadas e insatisfeitas. Futuramente vai acabar sendo chamada para resolver revoltas que irão acontecer.
As Revoltas Regenciais
Estas revoltas vão acabar instabilizando o país, vão acontecer depois do Ato Adicional, porque esse além de trazer mais autonomia para as províncias, incentivava as disputas entre as elites regionais pelo poder.
A Cabanagem (1835-1840)
Ocorreu inicialmente em Belém, e depois se espalhou pelo estado do Pará. Os participantes dessa revolta eram a população mais pobre que vivia em cabanas na beira de rios na região da Amazônia, por isso cabanagem. Eram principalmente mulatos e negros querendo seus direitos. Os regentes que escolhiam os presidentes das províncias e grande parte da população dessas províncias não gostava dos escolhidos. Então isso acabou gerando insatisfações e causando uma briga da elite local, tanto que essas discussões sobre a nomeação do novo presidente da província do Pará abriram caminho para uma rebelião popular, ou seja, a população mais pobre acabou invadindo Belém.
Esses revolucionários não chegaram a oferecer uma forma de governo alternativo, mas eles defendiam o catolicismo e defendiam a liberdade. Vários escravos participaram da Revolta, entretanto a escravidão não foi abolida. A Revolta acabou sendo suprimida pelo governo, só que a batalha que se seguiu acabou matando em torno de 30% da população do Pará, o que atrasou a economia dessa província. Seguindo esse exemplo, todas as outras revoltas vão acabar sendo vencidas de alguma maneira, tudo isso com o objetivo de manter a unidade territorial do Brasil.

Sabinada (1837-1838)
Essa revolta leva o nome de Sabinada por conta de seu líder Francisco Sabino. Foi uma revolta, que aconteceu na Bahia, apoiada pela classe média e comerciantes que tinham ideias republicana, teve a participação de escravos, já que seria abolida a escravidão, mas somente para os nascidos no Brasil e que participassem da revolta. Foi uma reação dos liberais exaltados ao efeito centralizador do regente Araújo Lima. Como objetivos, eles queriam separar o Brasil até que Dom Pedro II assumisse o poder. Os revoltosos acabaram não conseguindo invadir o Recôncavo Baiano, e assim a Sabinada acabou em uma luta corpo a corpo que deixou em torno de 1.800 mortos. Sendo também reprimida pelo governo.
Revolta de Malês (1835)
Foi um movimento de escravos africanos com religião muçulmana, os chamados malês. Muito provavelmente, essa revolta foi causada com a insatisfação decorrente da repressão religiosa. Foi uma revolta só de escravos, que pretendia abolir a escravidão, só que três dos escravos libertos acabaram delatando o movimento. E assim, essa revolta foi reprimida, rápida e violentamente.
Balaiada (1838-1840)
A balaiada foi uma revolução que aconteceu no Maranhão. Participaram camponeses, escravos, artesãos, ressaltando o fato de que o líder dessa revolução, Francisco dos Anjos, que era um artesão que produzia balaios, daí o nome balaiada. Foi uma série de disputas de elite local por causa da nomeação do presidente da província, junto com problemas econômicos e o governo acabou reprimindo violentamente.
Houveram controvérsias nessa revolta, tanto que um dos líderes, Raimundo Gomes, acabou lutando contra o próprio movimento em busca da prometida anistia. Quem ajudou a reprimir essa revolta foi o conhecido Luiz Alves da Lima e Silva, que por conta do sucesso dele reprimindo essa revolta, ele acaba ganhando o título da nobreza de Barão de Caxias, que depois acaba se tornando Duque de Caxias.
Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos (1836-1845)
A Revolução Farroupilha, que durou quase 10 anos, foi uma revolta que se iniciou no Rio Grande do Sul. É importante lembrar que essa foi uma revolta de elite, de estanceiros, de grandes proprietários de terra. E no que isso vai influenciar? Acaba afetando o tratamento com os revoltosos, que foi diferente de como acabaram as outras revoltas, que foram reprimidas com mortes e enforcamentos. Já no caso da Revolução Farroupilha, vai terminar com um acordo de paz.
O motivo da revolta foi a questão econômica do charque, porque não existia uma taxação para o charque que vinha do Uruguai. Então isso afetava muito a província dessa região sul no contexto econômico em relação ao Brasil. Sendo assim, eles queriam uma taxação no charque estrangeiro e queriam que diminuíssem os impostos sobre o charque gaúcho. Esse acabou sendo um movimento separatista, tanto que houve a formação de uma república, a República do Piratini, dentro do Brasil durante alguns anos. Batalhas chegaram a conquistar áreas de Santa Catarina, foram muitas batalhas, quase 10 anos de guerra.
O governo brasileiro não queria mais essa revolta, só que ele não podia tratar com brutalidade esses revoltosos, já que se tratava de uma elite, de um pessoal com importância naquela região. Sendo assim, eles decidiram propor um acordo de paz e atenderam grande parte dos interesses gaúchos. E foi assim que a Guerra dos Farrapos chegou a seu fim, com um acordo de paz proposto pelo governo.

O Golpe da Maioridade
O Golpe da Maioridade, que consistia na antecipação da maioridade de Dom Pedro II, foi a estratégia do Partido Liberal para dar fim ao Período Regencial, acreditava-se que toda a instabilidade que o país se encontrava era consequência da falta de uma figura forte que o governasse, assim os liberais concluíram que necessário que o poder fosse centralizado nas mãos do imperador novamente.
Com isso foi criado o Clube da Maioridade, liderado por Antônio Carlos de Andrada e Silva, que tinha como objetivo diminuir a idade necessária para que Dom Pedro II atingisse a maioridade, para que assim se pudesse reinstaurar a unidade nacional brasileira.
A partir desse golpe e da Declaração da Maioridade de Dom Pedro II, em 23 de julho de 1840, aos 14 anos esse se tornou o Imperador do Brasil, marcando o início do período conhecido como Segundo Reinado.